Tarquini, com o depoimento da própria Bruna, conta a história da moça antes e depois de se tornar garota de programa –, quando ainda era Raquel Pacheco, e posteriormente, quando virou uma das prostitutas mais requisitadas do Rio de Janeiro. Embora Bruna tenha compartilhado sua história sem amarras, o mérito da narrativa é quase todo de Parquini, que soube organizar a trajetória da entrevistada, equilibrando bem a putaria e o lado dramático.
As passagens picantes são realmente
explícitas. Transas boas, curiosas, bizarras, traumáticas e todo tipo de
experiência vivida na rotina imprevisível de uma garota de programa
estão lá, descritas com um tom de conto erótico de Internet melhorado e
que, com freqüência, excita.
Mas O Doce Veneno do Escorpião
não é apenas sexo, sexo e sexo. As passagens que descrevem a relação
conturbada de Bruna/Raquel com sua família, por exemplo, apertam o peito
– como o momento em que a protagonista decide sair de casa e fala com
sua mãe pela última vez, sendo que esta não sabe que jamais a verá outra
vez. A própria construção de sua persona não é fantasiosa como a do
filme homônimo, que vitimizou Bruna e a colocou como produto de um lar
distante. No livro, a moça conta que ingressou nessa carreira porque
quis, admite seu caráter difícil de lidar e fala de atitudes que feriram
outras pessoas que não precisavam ser machucadas, só para seu próprio
benefício.
Acompanhantes Florianopolis, SC